Nesta carta, as cursistas foram convidadas a escrever sobre uma linguagem que tiveram que se apropriarem depois que passaram a trabalhar na Educação Infantil. Caso não se recordem/ ou ainda não atuem na educação infantil, poderiam fazer uma carta reflexiva sobre linguagens com as quais elas tinha destreza quando criança ou alguma que se apropriaram quando adulto...
à reflexões.
Araci,
Petrópolis , 11 de junho de 2021
Ao refletir sobre os diferentes tipos de linguagem, percebi que a que mais precisei aprimorar após começar a trabalhar na Educação foi a própria linguagem oral, minha fala.
Pois é!!!
Apesar de agitada e levada, sempre fui muito tímida. Então, ao começar a trabalhar, precisei trabalhar bastante essa parte, já que essa é uma das ferramentas mais utilizadas.
Mas, também desenvolvi várias outras linguagens, até mesmo para que pudesse 'substituir' um pouquinho a oral.
A linguagem audiovisual passou a ser uma grande aliada, já que, com a utilização dela conseguia diminuir um pouco da linguagem oral ☺️
Beijos,
Indira
Petrópolis, 16 de junho de 2021.
Prezadas, Heloisa, Maria José e Mariana!
Que Deus abençoe vocês!
Uma linguagem que precisei apropriar-me quando comecei a trabalhar na Educação, foi a de COMPARTILHAR.
Aprendi, que não sabia tudo, precisei de um olhar diferente, observador e profundo para as crianças. Aprendi a aprender com a sabedoria dos pequenos, linguagens próprias de seres especiais e abençoados por Deus. Infelizmente, no princípio errei muito, achando que somente a minha opinião, meus conhecimentos do magistério bastavam para um bom trabalho, mas, minha primeira turma de Educação Infantil, fez cair por terra, todos os meus aprendizados de quatro anos na Formação de Professores.
Aprendi a lição mais linda que um profissional possa aprender! A Linguagem do COMPARTILHAR.
Compartilhar alegrias, sorrisos, pensamentos, imaginação , sonhos possíveis e impossíveis, amizades verdadeiras e o mais importante de tudo a sabedoria infantil.
Um grande e terno abraço!
Janaína
Na minha infância me recordo que gostava bastante de inventar histórias para minhas bonecas.
Hoje vou escrever sobre formas de linguagem que tive que me apropriar para trabalhar com a Educação Infantil. Precisei aprender que as linguagens são múltiplas. E passei a entender que a arte e o movimento também fazem parte da linguagem .
Antes eu imaginava que linguagem era a forma falada e escrita de se expressar. Deixava meus alunos falarem, escutava , dialogava com eles mas não entendia que os assuntos conversados tinham que se tornar coletivos para ter um significado para toda a classe. Também não entendia que a linguagem era associativa e muitas vezes interrompia as crianças quando conversavam na rodinha de assuntos completamente diferentes do assunto que começamos a tratar. Agora vejo como são importantes estas conversas para a construção da cutura das crianças.
Precisei entender , depois de vários artigos que li, que a arte é um forma de se expressar . Que as produções artísticas utilizando diversos materiais como desenhos, pinturas, esculturas mostram uma linguagem não conceitual , não verbal.
Outra coisa que agora valorizo muito nas minhas aulas são as brincadeiras e os movimentos corporais. Pude observar como as crianças interagem entre si , vivenciam as situações complexas e dão vários sentidos a uma mesma coisa, realizando trocas. A linguagem é criada a todo momento , construída e alterada quando se brinca e quando se dança, se canta, se chora. Consigo proporcionar momentos de troca, construção e expressão da cultura, seja nas rodinhas, nas dramatizações , nos jogos. Aprendi que a escola é um espaço importante para a ampliação de todas as linguagens.
Mas o que eu adoro é conversar com os meus alunos. Eles contam histórias muito legais e eu me divirto muito com isso.
Vou terminando por aqui. Acho que já escrevi muito.
Um abraço
Sempre tive um forte sentimento de valorização pela escuta, pois acredito que aquilo que recebemos na fala do outro é significativo para ele, logo, merece atenção e algum tipo de resposta. Creio que eu possa não estar totalmente certa, mas acredito que este movimento deve ser pautado na afetividade em relação àquele que dialoga conosco e, desta forma, devemos estar sensíveis àquilo que recebemos como informação, especialmente na Educação.
Hoje, atuando na Educação Infantil, percebo que esta interação se dá forma bastante natural, pois a criança pequena é bastante aberta em suas falas e deposita no adulto que lhe escuta, de fato, uma certa certeza que haverá uma resposta à altura da importância daquilo que é dito.
Mas não devemos não refletir aqui sobre estas mesmas necessidade em relação a alunos mais velhos (apesar de o enfoque da Formação ser a Educação Infantil). Na minha prática, sofri muitas críticas quando trabalhei com alunos de 10/11 anos e fazia questão de dar-lhes Voz e Ouvidos; diziam-me que eles se tornariam "abusados", que "confundiriam as coisas e não me respeitariam", mas na verdade, tudo o que consegui me mantendo atenta e responsiva às falas dos alunos, foi sua confiança, proximidade e afeição, que proporcionaram a todos nós, um desenvolvimento (escolar, social e pessoal) muito mais amplo e profundo.
O professor deve reconhecer as diferentes linguagens em sua emissão, recepção e resposta, pois só assim nossas crianças terão a real oportunidade de atuarem como sujeitos sociais que são!
O universo infantil é mesmo mágico, felizes daqueles que
possuem esse privilégio.
Vivenciar o cotidiano, nos leva a compreensão do quanto a criança tem a nos
acrescentar. Apropriar-se desse mundo é crescer em todos os aspectos de nosso
ser.
As linguagens... Belas linguagens. Falar de linguagem para muitos é falar de
escrita e fala. Mas é muito mais profundo quando se trata da linguagem
infantil.
O olhar na borboleta voando, no feijão que está virando plantinha num simples
potinho com algodão. Esse olhar... A esse olhar! Nos fala tanto.
A dança cheia de movimentos diferenciados, como um bailar despreocupado. Esse
balancê... Como nos fala.
A brincadeira de casinha, a boneca que é filha. Boneca que se acarinha ou em
certos momentos não. Ações... Ações nos falam tanto.
Rasgar papel, pintar com mil cores ou até com escuridã0. Pintou de preto? Hummm
... Isso nos fala... E como.
Bateu no amiguinho, brigou com a tia? Nem precisa nos falar... Já escutamos.
Escutamos, palavras literalmente não necessitamos... Nosso coração ouve mais do
que qualquer órgão auditivo.
Se você verdadeiramente for educador, seu coração se desenvolve a ouvir. E a
prática do cotidiano, nesse mundo mágico que já citei lhe transforma no melhor
ouvinte: naquele que interpreta o que um pequenino quer dizer mesmo antes de
saber se expressar oralmente ou não compreender como e naquele que se faz feliz
quando o burburinho infantil (que muitos ouvem como gritaria desordenada),
entram pelo ouvido como a mais bela sinfonia.
Linguagens infantis, um aprendizado constante cujo só quem se dedica de coração
está apto a se apropriar. Se abra para esse universo e seu coração irá decifrar
muito além do que seus ouvidos possam escutar!
Petrópolis
21 anos dedicados de coração a educação infantil.
Prezadas Heloísa, Maria José e Mariana,
Quando falamos de Educação um mundo de pensamentos nos invade e sem querer o assunto " linguagem" já está lá. Penso em Educação como uma trilha em que a cada dia avançamos um pouco ,para conseguirmos chegar aos objetivos desejados. Refletindo sobre o meu caminho inicial ,sendo uma pessoa tímida e muito observadora, creio que precisei desenvolver primeiramente a linguagem verbal, pois a vergonha tomava conta de mim em diversas situações. Queria me expressar, e não conseguia inicialmente. Mas com persistência e aceitando novos desafios consegui avançar. Posteriormente, precisei também desenvolver a linguagem corporal, utilizando o corpo com gestos expressivos ao cantar, contar histórias, entre outros. Mais um desafio vencido. E como a vida vem lançando novos rumos a cada momento. Creio que estou seguindo a trilha, certa de que ainda muitas coisas diferentes e desafiadoras virão. 29 anos se passaram e ainda estou pronta continuar aprendendo .A timidez ainda existe ,mas a vontade excede a todos os obstáculos.
A música é importante para o desenvolvimento oral da criança e faz também com que ela desenvolva ainda melhor a sua linguagem.
Tive uma aluna na creche com 3 anos que não falava e então desenvolvi um trabalho com atividades voltadas para a música, com o passar dos dias ela começou a falar um pouco enrolado depois foi melhorando a cada dia e sua mãe perguntou qual foi o milagre que fiz, pois sua filha estava falante e em casa cantava o tempo todo. Então disse a ela que foi a música, ela ficou muito feliz e a aluna não precisou de fonoaudiologia. Fiquei muito feliz com o resultado dessa aluna.
Precisei me permitir ser mais flexível, mais encantada e encantadora, mais livre, mais artista, mais cantora, que até então, nem de chuveiro era...
Mas, confesso, que precisava desse mundo, desse encantamento, dessa leveza, dessa liberdade de possibilidades...
Precisava da ingenuidade e da esperança dessas crianças para me reinventar, aprender novas linguagens em mim mesma e assim possibilitar experiências potentes para eles, minha inspiração!!
Grande bj, no coração!
como era uma criança tímida, geralmente não gostava de participar de dramatizações, pois sentia que poderia errar e não agradar tanto a quem assistia, como a professora principalmente, no entanto, como tinha um ótima memória, sempre decorava com facilidade, não escapava de vários papéis. Porém, a tensão era muito grande e geralmente não curtia o momento em si.
Quando comecei a trabalhar com a Educação Infantil, esse foi o meu foco, pois sempre acontecem os eventos, apresentações, festas e nestes momentos, muitos alunos apresentam todos os tipos de sentimentos; medo, vergonha, esquecem o que deveria ser feito ou falado, enfim me via neles. Tentando amenizar essas situações, da melhor maneira possível, durante a proposta do que seria feito e nos ensaios, sempre vou observando o que pensei e fazendo as adaptações, ajustes para o jeitinho de cada um, da forma que se sintam bem à vontade. No dia do evento, brincamos muito antes do momento, cantamos e nada de ensaio geral, porque o que está dentro deles, será o que eles terão para apresentar. Tem dado certo!
Venho por meio desta falar um pouco sobre as linguagens que já possuía na infância e na adolescência e que pude retomar ao ingressa na educação. Costumo dizer que sou uma eterna criança, sempre gostei muito das Artes em geral, desenhar, teatro, dança, entre outras. E ao atuar na Educação Infantil pude voltar a desenhar, a soltar a imaginação e criatividade para elaborar brincadeiras, confeccionar materiais, contar histórias de diferentes maneiras.
Quanto a linguagem que precisei me apropriar depois que passei a trabalhar na educação é difícil mencionar, pois quando se atua com a educação estamos em constante aprendizado, todo dia nos desafiamos e descobrimos sermos capazes de realizar coisas que antes não éramos.
Durante minha infância fui vista como autodidata, mais sempre me considerei muito observadora, com destreza para as artes diversas ( artesanato, desenho, dança, teatro) e para a literatura, escrevi diversa poesias e peças teatrais ainda na adolescência e pude atuar em três peças da minha autoria, graças a uma professora que acreditou e me incentivou. E seguindo esse exemplo que tive não apenas desta professora mais de outras ao longo da minha vida, que busco incentivar meus alunos em todas as habilidades que eles apresentem, pois existem diversas linguagem e nos destacamos em algumas. E a valorização do que você é bom faz uma grande diferença em sua autoestima, principalmente nas crianças dá pra ver no olhar.
Me despeço por hora, e deixo minha gratidão a todos.
Cordialmente Jaci.
Uma prática que eu me lembro de usar é de começar a conversar mais com as crianças, mas isso só passou a acontecer à partir do momento em que eu tive filhos. Deixar a criança que a criança fale dê sua opinião e que ela seja respeitada.
Com essa prática percebemos um grande avança no desenvolvimento das crianças, elas falam melhor, e se socializam melhor.
Um grande abraço.
A minha relação com as crianças sempre foi permeada de um autoritarismo, talvez por ter tido uma criação rígida, onde não havia muito espaço para eu falar e muito menos errar.
Mas ao trabalhar em uma turma de alfabetização, logo vi e senti que esse não era o caminho. Algo que me aproximou afetivamente das crianças foi a música. Uma linguagem que me apropriei a partir do encontro com elas. Uma linguagem que trazia alegria e movimento, que despertava uma sensibilidade provocando um olhar profundo dentro do outro, da outra.
Com a música aprendemos frases, palavras, letras; com a música viajamos por muitos lugares, brincamos de roda , de passa passa galinha arrepiada e começamos a compreender que o outro, a outra é muito importante!!
Entendo que a música foi uma linguagem que despertou em mim o desejo de fazer sempre melhor, de fazer sempre o melhor, de fazer mais. Hoje compreendo que a amorosidade desenvolvida em minha relação foi despertada e estimulada por uma cantoria desafinada mas, muito acolhida nos encontros e desencontros com cada criança.
Muitos beijos carinhosos dessa professora que vive cantando...
"Viver e não ter a vergonha de ser feliz,
Cantar e cantar e cantar, a beleza de ser um eterno aprendiz...
Quando comecei a trabalhar na ed. Infantil precisei me reinventar,
foi uma experiencia nova e a falta de oralidade de algumas crianças que
expressavam -se através da expressão corporal e das pinturas, me tiraram
completamente o chão.
Pensei que não fosse conseguir, ainda estou aprendendo com elas; as crianças
ensinam aos adultos o tempo todo.
Eu não tinha essa dimensão de que as pinturas falam e expressam uma variedade
de sentimentos muito grande.
Esse ritual meninas mostra um pouco como sou. Alguém que gosta de ouvir o outro, observadora, que gosta de conhecer o novo e se dispões a fantasiar. No trabalho com Educação Infantil é necessário se colocar a disposição das oportunidades e perceber as linguagens que as crianças trazem e necessita.
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